quinta-feira, 11 de setembro de 2008

Sociedade Midiatizada

Na 3ª aula foi apresentado o livro Sociedade Midiatizada (Editora Mauad), organizado por Dênis de Moraes, 2006 que reune artigos de dez autores.
Em SOCIEDADE PLUGADA A tecnomitologia em tempo real o autor escreve sobre o livro.
“...a expectativa implícita no debate das idéias é a de vislumbrarmos expressões de vida e horizontes criativos para além das satisfações descartáveis, na contramão das certezas fúteis.”

Lemos apontamentos do artigo Eticidade, campo comunicacional e midiatização de Munis Sodré, que integra o livro, e procurando na web encontrei esse texto Eticidade, campo comunicacional (Sobre a construção do objeto) onde as passagens são idênticas, talvez ele tenha revisado... Gosto muito do estilo explicativo do autor que ao desenvolver suas reflexões está sempre esclarecendo o significado dos termos que usa... muito bom porque nos leva a pensar por um caminho onde os elementos vão sendo apresentados e vão tomando forma...
Alguns pontos...
“ É preciso esclarecer o alcance do termo "midiatização", devido à sua diferença com "mediação" que, por sua vez, distingue-se sutilmente de "interação", forma operativa do processo mediador. Com efeito, toda e qualquer cultura implica mediações simbólicas, que são linguagem, leis, artes, etc. Está presente na palavra mediação o significado da ação de fazer ponte ou fazer comunicarem-se duas partes (o que implica diferentes tipos de interação), mas isto é na verdade decorrência de um poder originário de descriminar, de fazer distinções, portanto de um lugar simbólico, fundador de todo conhecimento. A linguagem é por isto considerada mediação universal.”

“ Já midiatização é uma ordem de mediações socialmente realizadas - um tipo particular de interação, portanto, a que poderíamos chamar de tecnomediações - caracterizadas por uma espécie de prótese tecnológica e mercadológica da realidade sensível, denominada medium. Trata-se de dispositivo cultural historicamente emergente no momento em que o processo da comunicação é técnica e mercadologicamente redefinido pela informação, isto é, por um produto a serviço da lei estrutural do valor, também conhecida como capital.”

“ A midiatização implica, assim, uma qualificação particular da vida, um novo modo de presença do sujeito no mundo ou, pensando-se na classificação aristotélica das formas de vida, um bios específico. Em sua Ética a Nicômaco, Aristóteles concebe três formas de existência humana (bios) na Polis: bios theoretikos (vida contemplativa), bios politikos (vida política) e bios apolaustikos (vida prazerosa). A midiatização pode ser pensada como um novo bios, uma espécie de quarta esfera existencial, com uma qualificação cultural própria (uma "tecnocultura"), historicamente justificada pelo imperativo de redefinição do espaço público burguês.”

“ A questão inicial é a de se saber como essa qualificação atua em termos de influência ou poder na construção da realidade social (moldagem de percepções, afetos, significações, costumes e produção de efeitos políticos) desde a mídia tradicional até a novíssima, baseada na interação em tempo real e na possibilidade de criação de espaços artificiais ou virtuais.”

“ Mas a prescrição moral-midiática é difusa, sem linearidade discursiva ou regulamentação explícita, de certo modo semelhante ao que Lyotard chama de diferendo, isto é, uma situação carente de regra de juízo estável, incapaz de solucionar um conflito. Semelhante também, vale observar, à lógica não-sequencial ou "caótica" do hipertexto cibernético, diante do qual a postura cognitiva mais adequada ao usuário é da "exploração" interpretativa, em vez da dedução de verdades. Nenhuma hierarquia discursiva organiza os regimes heterogênos de expressões da mídia, assim como não existe um agendamento homogêneo de seus conteúdos.”


Também vimos fragmentos de Koyaanisqatsi filme de Geofrey Reggio, produção de Francis Ford Coppola, música de Philip Glass, e fotografia de Ron Fricke - que depois dirigiu Baraka (1992), seguindo a mesma linha de imagens sonorizadas, sendo o tema mais ‘espiritual’ - me identifico mais.

Koyaanisqatsi é o primeiro da trilogia Quatsi – as palavras tem origem indígena Hopi – com uma narrativa visual dinâmica, imagens e sons nos levam a refletir sobre o modelo de sociedade urbana em que muitos vivem... Já tinha visto, assim como o Powaqqatsi... são filmes que cada vez que se vê se percebe novos elementos, sendo que as imagens são bem marcadas pelo ritmo da excelente trilha sonora...

Koyaanisqatsi: Life Out Of Balance (Vida Em Desequilíbrio), 1983




Powaqqatsi : Life in transformation (vida em transformação), 1988


Naqoyqatsi : Life as War (vida em guerra), 2002

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